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  • Crítica: Doutor Estranho

    "Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) leva uma vida bem sucedida como neurocirurgião. Sua vida muda completamente quando sofre um acidente de carro e fica com as mãos debilitadas. Devido a falhas da medicina tradicional, ele parte para um lugar inesperado em busca de cura e esperança, um misterioso enclave chamado Kamar-Taj, localizado em Katmandu. Lá descobre que o local não é apenas um centro medicinal, mas também a linha de frente contra forças malignas místicas que desejam destruir nossa realidade. Ele passa a treinar e adquire poderes mágicos, mas precisa decidir se vai voltar para sua vida comum ou defender o mundo."


     Mais um herói foi adicionado ao universo cinematográfico Marvel. É bom relembrar que tudo começou em 2008 com o lançamento do primeiro filme do Homem de Ferro, coincidentemente, Doutor Estranho se assemelha muito com ele. O público já está bem familiarizado com a fórmula Marvel no cinema: Personagens conflituosos, uma boa dose de humor, e claro, cenas de ação. Doutor Estranho não se diferencia muito. Stephen Strange é um homem rico, bem sucedido, um pouco arrogante, cético, carismático até que um evento transforma sua vida. Impossível não fazer a comparação com Tony Stark. Quem leu os quadrinhos sabe que os personagens são semelhantes por si mesmos, inclusive fisicamente. No filme, apesar de terem tons bem diferentes, o desenvolvimento de personagem é muito semelhante. Porém, mesmo não se diferenciando muito do padrão Marvel, há ressalvas. Mesmo com humor, Doutor Estranho é possivelmente um dos filmes mais sombrios da Marvel, inclusive é válido reparar a quantidade de sangue desse filme, o realismo de ferimentos e até mesmo a fotografia tem um tom mais sombrio.



     O roteiro do filme é bom, mas há alguns problemas. Grande parte da crítica tem reclamado que o filme seria muito auto-explicativo, que não daria oportunidade do público tentar entender, e que em alguns momentos as explicações se tornaram até mesmo repetitivas. Porém estamos falando de um novo universo sendo incorporado ao MCU (Marvel Cinematographic Universe), e que o público mais jovem especialmente talvez realmente não entenda tudo com a mesma facilidade que um adulto.Porém o principal problema desse roteiro, infelizmente, são as piadas. Eu sempre gostei muito do tipo de humor desenvolvido pela Marvel, assim como grande parte do público ainda ama. Porém Doutor Estranho, apesar de funcionar bem, não necessitava de tanto humor. O filme tem um tom mais sombrio em relação ao restante dos filmes da Marvel, e alguns momentos ocorre uma quebra de tom pelo humor, e o pior de tudo é que algumas piadas ainda nem são realmente boas.

     Mas deixando o roteiro de lado, é hora de falar do elenco. O elenco foi muito bem escolhido, recheado de excelentes atores (o cachê deve ter sido alto), pena que nem todos têm seu potencial totalmente explorado. Benedict Cumberbatch é perfeito pro papel de Strange, além da aparência física, já era bem óbvio que ele se sairia muito bem nesse papel.

     Daí temos Rachel McAdams como Christine Palmer, eu gostei porque inicialmente achei que ela seria apenas um interesse romântico de Strange, e que em algum momento do filme, ela seria salva, mas o que acontece é justamente o contrário. Chiwetel Ejiofor interpreta Barão Mordo, ele está bem no papel, mas não tem muito destaque. Seu arco não é totalmente desenvolvido e aparentemente será mais desenvolvido em outro filme. Tilda Swinton interpreta o Ancião, e houve muita discussão a respeito da escalação da atriz para esse papel, já que nos quadrinhos o Ancião é um homem já de idade tibetano, então estaria a Marvel seguindo a tradicional política da indústria de cinema de não respeitar etnia de personagens embranquecendo-os? Segundo o roteirista C. Robert Cargill, as críticas a escalação de Swinton são erradas, pois a Marvel foi bem cautelosa na escalação e procurou lidar da melhor forma com impasses políticos (se quiser entender melhor, clique aqui). Mas um fato é que Tilda se saiu muito bem no papel, ela tem um bom carisma quando está em tela, uma expressão misteriosa, e também transparece muita sabedoria. O vilão Kaecilius é interpretado por Mads Mikkelsen, que é um excelente ator (quem já viu Hannibal deve saber), mas ficou um poderia ter sido mais aproveitado no filme. Já não é novidade que a Marvel não tem tanto talento para vilões quanto para heróis, e em Doutor Estranho acabou não sendo muito diferente. Mikkelsen faz um bom trabalho com o material que tem, mas se houvesse algumas cenas a mais, teria sido um grande vilão, realmente pena, visto que deu pra perceber que Kaecilius tinha muito potencial.


     Agora é o momento de falar da melhor coisa do filme que é o visual. A fotografia do filme é pouco semelhante a de outros filmes da Marvel, muito mais escura, com apenas alguns pontos iluminados, e quase nenhuma cena a luz do sol. Os efeitos especiais são quase que impecáveis, a construção de mundo é bonita, a maneira como criaram as dimensões, os poderes, é tudo muito bonito mesmo, pense no filme A Origem, mas numa escala muito muito maior.


     Doutor Estranho é um excelente filme, talvez um dos melhores da Marvel, que mesmo com alguns probleminhas, possui um ótimo elenco, uma boa história e um dos melhores visuais já vistos, sendo assim uma garantia de entretenimento.


    Gustavo Matheus

    Resenha: Harry Potter e a Criança Amaldiçoada






    "Sempre foi difícil ser Harry Potter e não é muito fácil agora, já que ele é um funcionário cheio de trabalho no Ministério da Magia, um marido e pai de três crianças na idade escolar. Enquanto Harry luta com um passado que se recusa a ficar onde pertence, seu filho mais novo, Alvo, precisa lidar com o peso de um legado de família que ele nunca quis. Enquanto passado e presente começam uma sinistra fusão, pai e filho aprendem uma verdade desconfortável, pois a escuridão vem de lugares inesperados".


     Sendo um grande fã do universo Harry Potter é difícil olhar esse livro de forma imparcial. Mesmo com alguns problemas é impossível não gostar de algo tão emocionalmente nostálgico, que me encantou no primeiro momento em que tive contato com personagens tão familiares e queridos. Mas não posso negar a grande verdade. Puxando uma frase dita pelo Youtuber Renie Santos do canal O Expresso de Hogwarts, "Esse livro ainda precisa comer muito feijão com arroz para ser uma continuação digna dos 7 livros da saga Harry Potter".

     Mas antes de qualquer coisa, todos temos que nos conformar. Não se trata de um oitavo livro, é uma oitava história, no formato de roteiro de uma peça de teatro, e deve ser tratado como tal. Pra mim, foi uma dificuldade grande no começo, porque mesmo gostando muito de livros nesse formato, acostumei muito com a maneira como imaginava esse universo, e algumas passagens do livro com descrição do que acontece no palco atrapalharam um pouco, mas novamente, nada que estragasse gravemente a leitura.

     A história tem como protagonista Alvo Severo Potter, e o livro se inicia na mesma cena que deu fim a Relíquias da Morte. Gostei muito de Alvo, fiquei feliz com o desenvolvimento dele na história, acho que todas as ações deles são justificáveis, da pra entender a personalidade dele. Infelizmente não posso dizer o mesmo de outros personagens, como Rosa Weasley, filha de Ron e Hermione. Não é uma personagem ruim, mas não tem nenhum desenvolvimento, algo que sempre foi presente na obra de J.K. Rowling.
    Além disso, há Escórpio Malfoy, o segundo protagonista dessa história. Escórpio é muito diferente do pai. Achei isso muito legal, especialmente porque na construção do personagem a sua personalidade faz todo o sentido. E sua amizade com Alvo é uma das melhores coisas do livro.Mas infelizmente esses são os únicos personagens do livro que tem um bom desenvolvimento. Além dos que a gente já conhece, que nesse caso são: Harry, Gina, Ron, Hermione, Draco. Que não mudaram tanto em relação aos 7 livros, e as pequenas mudanças são justificadas na história.

     O que obviamente torna a história uma boa leitura é o fator nostalgia. É maravilhoso revisitar personagens, lugares que não se via há tanto tempo. Também é muito bacana ver o que os personagens fazem enquanto adultos.

     A Editora Rocco fez mais uma vez um trabalho excelente na estética e diagramação do livro, além de ter feito questão de trazer o livro para o Brasil a pedido dos fãs. Li em capa dura, mas também está disponível em capa mais simples e econômica. Além disso, esse livro difere dos outros livros da saga Harry Potter, já que as folhas são amarelas e mais grossas, e as letras também são maiores, o que facilita muito a leitura.

     Harry Potter e a Criança Amaldiçoada é uma ótima leitura para qualquer Potterhead, mas é importante ter em mente que é uma peça e não exatamente um oitavo livro. Recomendo a qualquer fã da saga que aproveite essa leitura nostálgica e que mesmo com alguns pequenos problemas, é envolvente.

     Em breve farei outra postagem, dessa vez comentando fatos específicos da história, com SPOILERS. Até lá!


    Gustavo Matheus

    Crítica: A Garota no Trem



















    "Rachel (Emily Blunt) é uma alcoólatra desempregada e deprimida, que sofre pelo seu divórcio recente. Todas as manhãs ela viaja de trem para a cidade, fantasiando sobre a vida de um jovem casal que vigia pela janela. Certo dia ela testemunha uma cena chocante e mais tarde descobre que a mulher está desaparecida. Inquieta, Rachel recorre a polícia e se vê completamente envolvida no mistério."

    Aqui vai o aviso de SPOILERS, se você é spoilerfóbico e ainda não viu o filme, veja e depois volte pois haverão alguns aqui :)

      Mais uma adaptação literária chegou aos cinemas. A Garota no Trem é baseado no livro homônimo de mesmo nome escrito por Paula Hawkins. O filme tem algumas diferenças significativas em relação ao livro, mas são mudanças realmente necessárias e outras que nem fazem diferença. A começar pelo local em que se passa o enredo. No livro Rachel sempre pega o trem de Ashburry para Londres, mas o filme se passa nos Estados Unidos, mais especificamente em Manhattan. Mas essa mudança não faz tanta diferença, já que a história não exige nada muito específico do cenário da Inglaterra.Outra mudança é a presença do AA (Alcoólicos Anônimos), que no livro é apenas citado, mas no filme tem uma presença bem mais importante em uma emocionante cena que tem muita importância pro desenvolvimento da personagem.

     Apesar das alterações, a maneira como o enredo é desenvolvido busca se assemelhar ao livro. Um exemplo disso é que antes de várias cenas, há uma tela preta com o nome RACHEL, ou então MEGAN, ou ANNA, esse recurso também informa a hora dos acontecimentos, assim como ocorre no livro que também é dividido dessa forma. Isso pode afetar um pouco o andamento da história, deixando a narrativa um pouco "quebrada", mas é importante, visto que ajuda o espectador a situar-se no tempo e na perspectiva de cada personagem.

     Sobre o elenco desse filme, há uma equipe bem competente, mas há atores subaproveitados. Emily Blunt está excelente como Rachel, ela consegue transmitir todo o peso dramático da personagem, seu vazio interior, também é interessante ver como ela realmente parece estar bêbada em algumas cenas, seus olhos chegam a ficar tontos e inchados. Haley Bennett interpreta Megan, há boas cenas, mas a personagem não tem tanto em tempo em tela, até porque uma parte de sua história foi cortada, no filme a personagem conta do bebê que teve na adolescência e acabou assassinando, mas a história não é tão explorada pelo filme, já que poderia fugir muito da narrativa principal. Rebecca Ferguson interpreta Anna e ela está excelente dentro do material que ela tem para trabalhar. Luke Evans interpreta Scott, seu personagem praticamente não tem falas até a quase metade do filme, mas o ator é competente no tempo que tem em tela. Justin Theroux está bem como Tom, mas poderia ter se saído melhor com um roteiro que explorasse ainda mais seu personagem. O elenco ainda conta com Allison Janney, Édgar Ramirez, Lisa Kudrow, entre outros, em papéis menores mas todos bons.

    Da esquerda para a direita: Megan (Haley Bennett), Anna (Rebecca Ferguson), Rachel  (Emily Blunt).
     A  fotografia do filme é parte importante na visão do espectador. Na perspectiva de Rachel, as cores tendem para o cinza, e tudo quase sempre tem pouca luz, também é possível perceber que quase sempre os planos são fechados em Rachel, intensificando o sentimento de solidão da mesma, além das cenas em que a câmera fica solta quase como se estivesse bêbada. Na perspectiva de Anna, as cores são mais vibrantes, tudo é sempre bem iluminado e a câmera se move pouco e de modo mais calmo. Já na perspectiva de Megan, as cores são mais misturadas conforme o momento, e quase sempre a câmera tem uma visão mais intimista, mais próxima dos atores.

     O roteiro é em sua maior parte bem escrito, há uma boa história aqui, bem desenvolvida, mas que falha gravemente ao revelar seu grande mistério. O filme entrega o mistério cerca de 20 minutos antes do fim, não há surpresa, o espectador chega no clímax do filme já sabendo de tudo o que deixa tudo menos intenso.

     No geral, A Garota No Trem é um excelente drama que apesar dos problemas é digno de elogios e merece ser apreciado, ou quem sabe até premiado.


    Gustavo Matheus

    Crítica: Scream - 2ª Temporada


    Posteres individuais. Noah, Kieran, Emma, Brooke, Audrey & Jake.
    A segunda temporada de Scream foi encerrada com um episódio especial de Halloween lançado no último dia 18, e já está renovada para uma terceira temporada de apenas 6 episódios que deve ser lançada em 2017, foi revelado também que a série terá novos showrunners, quem sabe assim a série possa melhorar em relação a segunda temporada

    A trama de Scream é baseada na franquia de filmes de mesmo nome, mas que aqui no Brasil ficou conhecida como "Pânico". Desde o lançamento da primeira temporada, há espectadores reclamando que a série deveria se aproximar mais dos filmes. Porém a série parece tentar buscar um tom próprio, inclusive alterando a aparência da máscara usada na franquia.

    Máscara utilizada nos filmes / Máscara utilizada na série
    A série tem um ponto positivo na maneira como trabalha o mundo contemporâneo. Enquanto nos filmes o assassino falava com as vítimas por telefone e as perguntava a respeito de seu gosto por filmes, na série a vítima é perguntada a respeito de séries assistidas inclusive na própria Netflix.
    Porém na segunda temporada são poucas as inovações em relação primeira. A temporada inicia-se de forma promissora, com uma morte trágica logo nos primeiros episódios, e que inclusive é marcada por muito sangue. Porém ocorre uma grande falha na tentativa de esconder a identidade do assassino. Basta ser atento o suficiente para perceber alguns furos no roteiro e identificar o assassino em apenas 3 episódios.
    Um sério problema na condução da história é falta de coragem de matar personagens. No momento que alguns personagens novos são inseridos fica claro que pelo menos 2 estarão mortos até o fim da temporada. A série sofre de um problema de falta de ousadia, inclusive nas cenas de morte que são em geral bem fracas especialmente quando comparadas a outras séries do mercado.
    Há um interessante desenvolvimento da personagem Audrey, especialmente no que tange ao seu relacionamento com Emma, que tem problemas desde a temporada anterior. Quanto a Emma é a unica que parece ter sequelas do que houve na temporada anterior. Isso acaba por incomodar um pouco, por que  de todos, somente Emma se sente transtornada? Mesmo que ela talvez tenha sofrido mais no decorrer da situação, todos passaram por aquilo e deveriam ter o mínimo de sequelas.

    Da esquerda para a direita: Brooke, Audrey, Gustavo e Noah no episódio de Halloween.

    O final da temporada é uma das partes mais decepcionantes, a revelação do assassino é pouco surpreendente. Além do fato de que na primeira temporada não há qualquer pista de que este seja o assassino, isto é, o mesmo pode facilmente ter sido escolhido as pressas na criação do segundo ano da série.
    E então há o especial de Halloween. Lançado semanas depois do episódio anterior, o episódio leva os personagens para uma ilha na qual supostamente uma jovem assassinou a mãe, o irmão e um homem com quem sua mãe mantinha um caso. Essa premissa já deixa claro que haverá algum assassino quando eles estiverem na ilha.
    O mistério envolvido nos acontecimentos na ilha é interessante, porém a resolução é fraca. Há um assassino na ilha e não é difícil descobrir sua identidade. No começo do episódio tomei a pessoa como meu principal suspeito e passei boa parte do episódio esperando que não fosse ela, porque além de ser óbvio, era basicamente uma repetição dos acontecimentos anteriores.
    A revelação do assassino é pior ainda. Não há surpresa, não há mistério, e o espectador fica sabendo antes dos personagens. Também notei uns problemas de desenvolvimento, há personagens que estão fortes demais em relação ao que passaram anteriormente, sendo que não se passou tanto tempo assim entre o epidódio 12 e 13 dessa temporada.
    Mas o episódio também trouxe muitas coisas legais, há uma interessante tensão entre Audrey e sua nova namorada e sua relação com Emma. Noah interpretado por John Karna está bom como sempre, é um dos melhores personagens da série, sempre relacionando acontecimentos com filmes de terror, John tem um carisma cativante, e consegue desenvolver uma excelente forma de humor mas que não atrapalha o tom da série. Também é interessante a discussão feita, mesmo que minimamente, a respeito de como o capitalismo e a obsessão por fama e dinheiro insiste em formas de lucrar com base em acontecimentos trágicos e reais.
    Scream é uma série que possui muito potencial, mas que precisa muito melhorar em alguns aspectos, e procurar inovações. Mas possui muitos personagens extremamente interessantes e que são fáceis de se apegar, merece uma terceira temporada e vale a pena ver.

    Gustavo Matheus