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  • Crítica: A Garota no Trem



















    "Rachel (Emily Blunt) é uma alcoólatra desempregada e deprimida, que sofre pelo seu divórcio recente. Todas as manhãs ela viaja de trem para a cidade, fantasiando sobre a vida de um jovem casal que vigia pela janela. Certo dia ela testemunha uma cena chocante e mais tarde descobre que a mulher está desaparecida. Inquieta, Rachel recorre a polícia e se vê completamente envolvida no mistério."

    Aqui vai o aviso de SPOILERS, se você é spoilerfóbico e ainda não viu o filme, veja e depois volte pois haverão alguns aqui :)

      Mais uma adaptação literária chegou aos cinemas. A Garota no Trem é baseado no livro homônimo de mesmo nome escrito por Paula Hawkins. O filme tem algumas diferenças significativas em relação ao livro, mas são mudanças realmente necessárias e outras que nem fazem diferença. A começar pelo local em que se passa o enredo. No livro Rachel sempre pega o trem de Ashburry para Londres, mas o filme se passa nos Estados Unidos, mais especificamente em Manhattan. Mas essa mudança não faz tanta diferença, já que a história não exige nada muito específico do cenário da Inglaterra.Outra mudança é a presença do AA (Alcoólicos Anônimos), que no livro é apenas citado, mas no filme tem uma presença bem mais importante em uma emocionante cena que tem muita importância pro desenvolvimento da personagem.

     Apesar das alterações, a maneira como o enredo é desenvolvido busca se assemelhar ao livro. Um exemplo disso é que antes de várias cenas, há uma tela preta com o nome RACHEL, ou então MEGAN, ou ANNA, esse recurso também informa a hora dos acontecimentos, assim como ocorre no livro que também é dividido dessa forma. Isso pode afetar um pouco o andamento da história, deixando a narrativa um pouco "quebrada", mas é importante, visto que ajuda o espectador a situar-se no tempo e na perspectiva de cada personagem.

     Sobre o elenco desse filme, há uma equipe bem competente, mas há atores subaproveitados. Emily Blunt está excelente como Rachel, ela consegue transmitir todo o peso dramático da personagem, seu vazio interior, também é interessante ver como ela realmente parece estar bêbada em algumas cenas, seus olhos chegam a ficar tontos e inchados. Haley Bennett interpreta Megan, há boas cenas, mas a personagem não tem tanto em tempo em tela, até porque uma parte de sua história foi cortada, no filme a personagem conta do bebê que teve na adolescência e acabou assassinando, mas a história não é tão explorada pelo filme, já que poderia fugir muito da narrativa principal. Rebecca Ferguson interpreta Anna e ela está excelente dentro do material que ela tem para trabalhar. Luke Evans interpreta Scott, seu personagem praticamente não tem falas até a quase metade do filme, mas o ator é competente no tempo que tem em tela. Justin Theroux está bem como Tom, mas poderia ter se saído melhor com um roteiro que explorasse ainda mais seu personagem. O elenco ainda conta com Allison Janney, Édgar Ramirez, Lisa Kudrow, entre outros, em papéis menores mas todos bons.

    Da esquerda para a direita: Megan (Haley Bennett), Anna (Rebecca Ferguson), Rachel  (Emily Blunt).
     A  fotografia do filme é parte importante na visão do espectador. Na perspectiva de Rachel, as cores tendem para o cinza, e tudo quase sempre tem pouca luz, também é possível perceber que quase sempre os planos são fechados em Rachel, intensificando o sentimento de solidão da mesma, além das cenas em que a câmera fica solta quase como se estivesse bêbada. Na perspectiva de Anna, as cores são mais vibrantes, tudo é sempre bem iluminado e a câmera se move pouco e de modo mais calmo. Já na perspectiva de Megan, as cores são mais misturadas conforme o momento, e quase sempre a câmera tem uma visão mais intimista, mais próxima dos atores.

     O roteiro é em sua maior parte bem escrito, há uma boa história aqui, bem desenvolvida, mas que falha gravemente ao revelar seu grande mistério. O filme entrega o mistério cerca de 20 minutos antes do fim, não há surpresa, o espectador chega no clímax do filme já sabendo de tudo o que deixa tudo menos intenso.

     No geral, A Garota No Trem é um excelente drama que apesar dos problemas é digno de elogios e merece ser apreciado, ou quem sabe até premiado.


    Gustavo Matheus

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