Resenha: Tudo e Todas as Coisas

Tudo envolve riscos. Não fazer nada também é arriscado. A decisão é sua.
A doença que eu tenho é rara e famosa. Basicamente, sou alérgica ao mundo. Não saio de casa. Não saí uma vez sequer em 17 anos. As únicas pessoas que eu vejo são minha mãe e minha enfermeira, Carla.
Então, um dia, um caminhão de mudança para na frente da casa ao lado. Eu olho pela janela e o vejo. Ele é alto, magro e está todo de preto: blusa, calça jeans, tênis e um gorro que cobre o cabelo. Ele percebe que eu estou olhando e me encara. Seu nome é Olly.
Talvez não seja possível prever tudo, mas algumas coisas, sim. Por exemplo, vou me apaixonar por Olly. Isso é certo. E é quase certo que isso vai provocar uma catástrofe.

Eu comecei a ler o "Tudo e Todas as Coisas" de uma maneira despretensiosa e apesar de ter uma temática um pouco diferente da que eu estou acostumada, eu me surpreendi e me emocionei muito.

O livro narra a historia de Madeline, uma garota que tem uma doença rara conhecida como IDCG - Imunodeficiência Combinada Grave, basicamente ela tem alergia a tudo e tem que ficar em casa para não correr o risco de ser contaminada. As únicas pessoas que ela tem contato são sua mãe, sua enfermeira, Carla, e as vezes um de seus professores particulares. Ela já estava acostumada com a sua vida, afinal já se passaram 17 com ela nessa situação.

Mas certo dia, chegam os novos vizinhos e entre eles está Olly, um garoto que quase sempre está vestido de preto e possui hábitos imprevisíveis. Apesar da distancia eles começam a trocar e-mails e a se conhecer melhor e pouco a pouco um sentimento vai surgindo entre eles e esse sentimento faz Madeline questionar tudo o que sabe e que está acostumada. Realmente vale a pena ficar segura em casa e não viver realmente?

Eu queria poder falar mais sobre a historia, mas a graça é você ir sabendo muito pouco, e se possivel não assista ao trailer do adaptação, ele da muitos spoilers da historia.

Tudo e Todas as coisas foi um livro que me surpreendeu muito, principalmente por trazer personagens reais, que erram, que acertam, que amam e que perdoam. A autora conseguiu montar cada um deles com maestria e você se apega a cada um de uma maneira diferente. 

Madeline é uma menina maravilhosa, ela sempre está pensando em sua mãe e na sua enfermeira e apesar de ter sido criada conhecendo praticamente só elas pessoalmente, ela é muito inteligente e madura. De certa forma eu me identifiquei muito com ela, não pelo fato da doença, claro, mas pela fome que ela tem do mundo, de conhecer cada lugar e viver intensamente. É uma menina maravilhosa e que com certeza conquistou a minha afeição.

Olly é um rapaz maravilhoso, ele passou por muitas situações complicadas com seu pai e isso acabou mexendo com ele. Mas Olly nunca deixou de ser um rapaz inteligente e que se importa com a família e com as pessoas ao seu redor. Ele e Mad começam a trocar e-mail e viram amigos bem depressa, cada um encontra no outro uma maneira de fugir um pouco da realidade.

Carla é a enfermeira da Madeline, ela é uma pessoa maravilhosa e arrisco até a dizer que ela é a minha personagem favorita. Enquanto a mãe da Mad é bem controladora e segue a risca todas as regras para proteger a filha a Carla é mais liberal e faz o possivel para ver a Mad sorrir.

Ler esse livro mexeu comigo, eu acompanhei a historia da Madeline e vi quantas coisas ela deixou de fazer nesses 18 anos por causa da doença e eu não faço por pura comidade. É como disse Oscar Wilde, "viver é a coisa mais rara do mundo, a maioria das pessoas apenas existem", e eu não quero existir, eu quero viver e esse livro me despertou essa vontade.

Esse livro é maravilhoso, além de falar de uma doença muito rara ele também expõe assuntos com a violência e alcoolismo e mostra as consequências desses atos, eu achei isso de suma importância, afinal é uma coisa que infelizmente acontece muito. O livro inteiro tem um ritmo muito legal, mas o desfecho dele, logo nas ultimas páginas, é uma das melhores coisas no livro. 

A parte física do livro está linda, eu particularmente não gosto muito de capas de filme, mas eu adorei essa, a parte interna também é fantástica, cheia de detalhes delicados que deixam a leitura muito prazerosa, além de contar com letras de tamanho médio e paginas amarelas o que é um prato cheio para os leitores. E o melhor é que o livro contém oito páginas com fotos do filme! Ele é puro amor ❤