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  • Resenha: A Pérola Que Rompeu a Concha

    Filhas de um viciado em ópio, Rahima e suas irmãs raramente saem de casa ou vão à escola em meio ao governo opressor do Talibã. Sua única esperança é o antigo costume afegão do bacha posh, que permite à jovem Rahima vestir-se e ser tratada como um garoto até chegar à puberdade, ao período de se casar. Como menino, ela poderá frequentar a escola, ir ao mercado, correr pelas ruas e até sustentar a casa, experimentando um tipo de liberdade antes inimaginável e que vai transformá-la para sempre. Contudo, Rahima não é a primeira mulher da família a adotar esse costume tão singular. Um século antes, sua trisavó Shekiba, que ficou órfã devido a uma epidemia de cólera, salvou-se e construiu uma nova vida de maneira semelhante. A mudança deu início a uma jornada que a levou de uma existência de privações em uma vila rural à opulência do palácio do rei, na efervescente metrópole de Cabul. A pérola que rompeu a concha entrelaça as histórias dessas duas mulheres extraordinárias que, apesar de separadas pelo tempo e pela distância, compartilham a coragem e vão em busca dos mesmos sonhos. Uma comovente narrativa sobre impotência, destino e a busca pela liberdade de controlar os próprios caminhos.

    Eu sempre gostei de ler livros sobre diferentes culturas, conhecer realidades que não eram as minhas e saber o que as outras pessoas fazem ou passam pelas outras partes do mundo, mas nada podia me preparar para as historias que eu encontrei nesse livro. 

    Em A Pérola Que Rompeu a Concha conhecemos a historia de duas mulheres separadas por gerações, uma vive durante o regime opressor do Talibã e a outra em meio a guerra de independência do Afeganistão, mas com historia muito similares. Rahima é filha do meio de cinco irmãs, sua familia sempre culpou sua mãe por não ter dado herdeiros (homens) e sempre dificultaram a vida de todos.

    "Às vezes, porém, é preciso desafias as convenções, suponho. Às vezes, é preciso se arriscar quando se deseja muito alguma coisa."

    Até que um dia sua tia, Khala Shaima, lhes da a ideia de transformar Rahima em um menino por meio do curtume Bacha Posh, na qual ela poderia viver como um garoto, ir ao mercado e a escola até que atingisse a puberdade e assim é feito. Rahima cresce como um garoto e tem liberdades que suas irmãs nunca sonharam, além da atenção e do carinho do pai, mas quando atinge treze anos ela e suas duas irmãs mais velhas são dadas em casamento pelo seu pai viciado a uma família de senhores da guerra e é a partir desse momento que a vida de Rahima toma um destino cruel. 

    Porém, ela tem o sangue de Shekiba, sua trisavó quando era criança derramou óleo quente sobre o rosto e ficou deformada e foi excluída pela família do pai e sua tribo, logo depois seus irmãos morreram, logo sua mãe os seguiu e ela cresceu com o pai, ele a começou a tratar como menino, pois ela ajudava na colheita e nas tarefas mais difíceis, mas este a deixou também e ela passou a viver sozinha até que sua avó descobriu e a levou para casa, para trabalhar como empregada, mas logo a deu em quitação de uma divida a outra família da vila e esse foi apenas o inicio de sua jornada. 

    "Sob esse aspecto, Sheikba era o Afeganistão. Começando na infancia, a tragedia e a maldade a dilapidaram aos poucos, até que ela se tornou apenas um fragmento da pessoa que deveria ter sido."

    Eu conheço pouco da cultura afegã, mas sempre soube que ela é extremamente opressora com as mulheres, a maioria não vai a escola, não sai de casa sozinha e muitas são dadas em casamento quando ainda são crianças e depois sofrem abusos físicos, sexuais e psicológicos em sua novas casas, sejam do marido, sogra ou das outras esposas que sentem ciumes. Sair de casa com as amigas para se divertir, escolher com quem casar ou não é algo comum aqui, mas é um luxo inimaginável para muitas mulheres no livro e na vida real. 

    Muitas delas consideram como um grande presente de Ala se tiverem um marido que não as batam, que coloque comida na mesa e roupas para vestir. Eu sei que é um livro de ficção, mas a autora mesmo disse em uma entrevista no final do livro que a historia é feita baseada em historias reais, com mulheres que sofreram tudo isso.

    "Esse pensamento me causou arrepio. Eu compreendi algo que a minha mãe já sabia: os homens podiam fazer o que quisessem com as mulheres. Não havia como deter o que Padar tinha começado."

    Foi muito difícil escrever essa resenha, eu não estava conseguindo colocar em palavras o que eu senti ao acompanhar a historia, porque esse é um daqueles livros que você tem parar em alguns momentos, respirar fundo e aceitar que aquilo mexeu muito com o psicológico e só depois continuar a leitura. Eu chorei em algumas partes do livro porque ambas sofrem muito no decorrer da historia, não só elas, mas como todas mulheres ao seu redor, eu senti uma empatia tão grande que não poderia deixar de torcer para que tudo desse certo ao final. 

    "A Pérola Que Rompeu a Concha" é um livro intenso que te faz refletir profundamente sobre sua vida, sua historia e também a respeito do mundo. Ele é um daqueles livros que te da um tapa na cara e mostra que o mundo não é feito de rosas e ao mesmo tempo te deixa inspirada pela historia de duas mulheres guerreiras, fortes e corajosas que nunca deixaram de buscar uma vida digna e que mudaram seu nasib (destino).


          Editora: Arqueiro || Autora: Nadia Hashimi || Páginas: 448 || Skoob || Buscapé



    9 comentários:

    1. Nossa. Eu já conhecia o livro claro mas essa é a primeira resenha que vejo dele é nossa que tocante. Consegui sentir pelas palavras que o livro mexeu mesmo com você. Parabéns pela bela resenha.

      Beijão.

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    2. Olá, tudo bem Giovana?

      Eu já li algumas resenhas desse livros, todas foram positivas sobre "A Pérola que rompeu a concha", mas essa sua ficou muito bonita, como disse a amiga Kah, foi tocante. Adorei a sua resenha, ficou bem escrita e envolvente, você deu show. Dica anotada!
      Abraço!

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    3. Olá! Saudações literárias, tudo bem com você? Fiquei curioso e ao mesmo tempo intrigado com essa obra. Esse livros vamos conhecer culturas e povos diferentes dos que estamos habituado em ler na maioria dos livros. Dica anotada e com certeza estarei lendo.

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    4. Olá linda,

      Fazia um tempinho que não vinha pelo seu blog e sempre me sinto bem por aqui( o motivo não sei rs), mas esse livro me parece ser bem emocionante e sensível, porque mostra a diversidade de culturas dentro de um mesmo espaço físico - Terra - e que podem se opressoras ou não dependendo do ponto de vista.

      Esse é um livro que quero ler sem sombra de dúvida.

      Beijos!

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      1. Oi, Joanice.
        Fico muito feliz que você se sinta bem aqui S2, venha visitar o blog mais vezes, estou com alguns projetos em andamento e tenho certeza de que vai adorar :3

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    5. Oi, tudo bem? Eu também gosto muito de ler livros que me apresentem uma nova cultura. Não sabia que uma garota nessa cultura poderia se vestir como menino até a puberdade, pra mim foi um fato interessante. COm certeza lerei esse livro um dia. Também quero muito ler Malala, todos na minha wishlist.
      Obrigada pela dica
      Beijos

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    6. Oi Gio,
      Esse deve ser um livro extremamente interessante. Como você não conheço tanto assim dessa cultura também e o livro parece retratar bem várias situações, mas com certeza deve ser um choque porque com a liberdade que temos aqui imaginar certas situações parece até improvável. Adorei sua dica e com certeza se puder quero conferir também.
      Beijos
      Raquel Machado
      Leitura Kriativa
      https://leiturakriativa.blogspot.com.br

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    7. Este livro será tema do meu clube de leitura de março e confesso já estou me preparando psicologicamente para sua leitura. É complicado para nós mulheres que vivemos longe da realidade narrada na história imaginar mulheres passando por estas coisas como se fosse uma coisa normal.
      Bjs, Rose

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    8. Oi, tudo bem?
      Não conhecia esse livro, mas fiquei super interessada na história contada, gosto muito quando os livros falam sobre cultura e que tenham um grande impacto na gente

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