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  • Aquele Abraço



    Nem os bons restaurantes, nem as praias brasileiras, as casas de amigos ou um hotel cinco estrelas. A escritora Martha Medeiros define que o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço. Alguém pra discordar? 

    Todo abraço é entrega, afago recíproco do corpo. Um compartilhar de energia, momento de troca, de fusão. Eu também duvido que se encontre algum outro lugar tão capaz de acolher, de dar calor, de confortar, cessar saudades ou preparar o coração para a distância.  

    Já dei e já recebi abraços memoráveis. Abraço que pede desculpas,abraço de celebração, abraços de despedida, daqueles fortes, dos quais não sequer mais largar. Mas nada mais arrebatador do que um abraço de encontro. Aquele abraço em quem se esperou chegar, aquele enlace que tem pressa de acontecer e que de tão urgente, o coração parece querer saltar do corpo pra abraçar primeiro.  

    Hoje mesmo presenciei alguns destes na entrada de um restaurante. Braços hiperativos, vozes orquestradas, peitos unidos e o balanço selando a união dos corpos. Coisa bonita de se ver. 

    Me fez recordar daquele abraço, o inesquecível. Você tem um? 

    Meu abraço inesquecível tem som de recreio e riso de criança. Ele aconteceu há uns dez anos atrás quando, ao chegar à escola em que eu trabalhava, fui recebida calorosamente pelos alunos que brincavam no pátio. Ao me verem entrar, todos – leia-se aqui quase vinte – correram em minha direção, sorrindo e gritando o meu nome em coro.  

    Eu já sabia o que aconteceria em seguida. A avalanche estava dada. Só tive tempo de respirar fundo, abrir os braços até onde conseguisse e me abaixar um pouco.  

    Depois do impacto, todos ao chão. E risos graves espalhados pelo ar. Levantar? Levantar não seria apenas uma afronta,levantar eraimpossível. O que se via era um montinho frenético no qual eu era a base. 

    O abraço coletivo teve fim quando alguém apareceu para saberse eu estava bem. A voz  preocupada da diretora cortara a cena. E como eu não estaria bem? O desconforto de cair no chão fora perdoado pela alegria de caber em tanto carinho.  

    Hoje, concordando com a Martha que não há melhor lugar para se estar do que num abraço que nos baste, penso que em tempos de se fazer check-in nas redes sociais para se mostrar que está indo para a academia, para o barzinho ou para a balada, nosso conforto certo não poderia ser outro do que estarmos envolvidos por quem nos quer bem.  
    "Partiu", abraço?

    Yohana Sanfer

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